quinta-feira, 27 de março de 2008

Vida.

Carros, motos, caminhões
buzinas a todo instante,
o movimento frenético das pessoas nas ruas,
o andar apressado em busca de algo mais.

O barulho dos papéis que voam nas repartições,
o som das conversas e das falas sobre os problemas do dia-a-dia,
o zunido do ar condicionado,
a incessante sonoridade das teclas ao digitar.

A impaciência pelo não passar das horas,
e por tudo aquilo que tira a concentração,
a certeza de que tudo isso não tem haver
com o que realmente tem importância.

O ponteiro do relógio acerta o alvo,
posso ir embora,
um alívio momentâneo,
pois ao sair dali volto ao início.

Carros, motos e caminhões,
pessoas reclamando do trânsito,
viaturas com suas luzes brilhando,
muito tempo perdido até chegar em casa.

Finalmente abro a porta,
penso o quanto é bom estar aqui,
deixar pra trás todo o dia que passou,
pelo menos por algumas horas.

Acordo e penso que tudo vai se repetir,
não posso deixar mais isso acontecer,
preciso mudar minha vida,
preciso cuidar mais de mim.

Reajo,
vou na direção contrária a tudo,
não me importo com o que vão falar,
preciso sobreviver.

Na hora de deixar este mundo,
tudo o que importa é a certeza
de que fui feliz,
e que minha vida valeu a pena.

quarta-feira, 26 de março de 2008

O Último Vôo.

Estava na frente do computador realizando uma das tarefas mais complexas que pode ser realizada naquele aparelho. Uma que requer uma série de atributos, agilidade, reflexo, raciocínio lógico, estratégia, coragem, astúcia, enfim, qualidades imprescindíveis para um bom jogador sobreviver no desenrolar dessa ocupação.

Mas, num dado momento importantíssimo para a minha sobrevivência na partida, começei a ouvir um barulho estranho, olho para os lados e não vejo nada. Novamente o barulho. Dessa vez não houve como não perceber. Lá estava ela, enorme, pegajosa e nojenta.

Passei a observá-la, cuidadosamente acompanhei seus movimentos e através deles estabeleci os meus. Estiquei o braço e com um movimento calmo mas vigoroso alcancei o intrumento que serviria como minha arma mais poderosa contra o inimigo. Percebi que ela também me observava, e que calculava bem seus movimentos.
Sabia que ela estava a espera de um vacilo meu para me atacar, mas eu também estava ao seu aguardo. Sabia que mais cedo ou mais tarde ela iria se mover.

Levantei-me sem pressa, vi que ela me acompanhava a todo instante. Me posicionei de maneira que pudesse atacar e me defender de acordo com o que a situação exigisse. Não tirava os olhos dela. Percebi que estava pronta para me atacar, ela estava se preparando, se posicionando estrategicamente para um ataque eficiente.

Finalmente estava pronta. A batalha a ser travada estava próxima. Ela arqueou suas asas e então levantou vôo. Me esquivei do seu primeiro ataque, tentei contra atacar mas ela não me deu chance. Continuava calmo, frio e calculista, a espera. Novamente deu um rasante sobre mim e novamente me esquivei. Ela parou no ar e ficou por instantes a me estudar. Ela preparara seu ataque final.

Agora via que era o momento certo para arevanche. Mantive a guarda alerta. Ela procurou um espaço para se posicionar para ataque. Novamente arqueou suas asas se preparando para o fim. Quando tentou levantar vôo disparei em sua direção com todo o vigor e agilidade que poderia ter. Foi um golpe rápido, mas muito forte. Não havia como escapar. Ela foi abatida.

VITÓRIA!

Foi o último vôo daquela barata.

sexta-feira, 21 de março de 2008

A gente vê, mas não enxerga.

Quando saio, vou à aula, ao trabalho, ou simplesmente vou encontrar os amigos, a namorada, não consigo me separar de umas coisas, uns sentimentos, uns pensamentos. Na verdade, não consigo me separar de uma realidade tão "real" e tão forte que não me deixa parar de pensar.

A mente fica a todo instante trabalhando, maquinando, observando uma forma de tentar mudar o que esta posto a nossa frente, e sinceramente, tem horas que não consigo enxergar uma saída para nós.

Às vezes fico a pensar que Matias, do filme Tropa de Elite, está certo. "Do apartamentinho de vocês na Zonal Sul não dá pra ver o que acontece nas favelas do Rio de Janeiro...". Aliás, ele esta "quase" certo. É que do apartamento dá pra ver sim o que acontece, é que a gente vê, mas não enxerga.

O lado de fora.

Todos os dias quando vou à faculdade observo e participo de inúmeras discussões sobre os males que afetam a nossa sociedade - pobreza, desigualdade social, distribuição de renda, educação. É comum nas faculdades de direito estes tipos de assuntos serem trazidos à tona, principalmente porque realmente tem haver com o nosso sistema jurídico e o modo como este se dipõe à própria sociedade. Porém, tem uma coisa que me deixa inquieto, me deixa realmente frustrado e até algumas vezes revoltado. E tem haver com a nossa localização geográfica(quem sabe onde a Ruy Barbosa fica sabe o que estou falando).

Muitas vezes em que paramos para falar sobre tais assuntos em sala de aula fico a observar o comportamento dos colegas e de como eles vêem e sentem estes debates, e sinto uma certa ingenuidade e desconhecimento do que vem a ser o objeto da nossa conversa.

Me parece que vivemos em uma realidade tão distante daquilo que estamos ali discutindo, o que me deixa perplexo, pois esquecemos o lugar onde estamos e como vivemos.

Basta dizer que, tudo o que falamos todos os dias em sala e nos corredores fica somente no campo das idéias, numa realidade fática, abstrata. Sabem por quê?

Porque estudamos ao lado de uma das maiores favelas da cidade,o Nordeste de Amaralina, onde a realidade é dura e cruel, e se pode observar tudo aquilo que discutimos no dia-a-dia, e somos incapazes de abrir uma janela para ver o que acontece do lado de fora.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Pelo menos o "Mínimo".

Esse final de semana estive no Teatro Casto Alves para assistir o Balé Folclórico do Recife. Mas, além do espetáculo, outra coisa me chamou a atenção. Antes de se iniciar o balé, a produção do evento anuncia recomendações que devem ser seguidas, normas de rotina, as quais o público deve seguir. Uma dessas foi a de não ser permitido tirar fotos do espetáculo sem a prévia autorização da produção. Não é que ao abrir das cortinas já havia um número significativo de pessoas com máquinas fotográficas "engatilhadas", prontas para disparar. Foram flashes durante todo o show, até o apagar das luzes.
Fico me perguntando, uma regra simples como essa, um mero regulamento de um teatro a gente não consegue cumprir, imgine uma outra coisa. Se não conseguimos seguir simples regras de educação, respeito, responsabilidade, como nós poderemos exigir que outras pessoas tenham um comportamento parecido? Me parece que vivemos numa época de total falta de respeito, respeito para com o outro, para com as instituições, para com o governo(o governo somos nós, não se esqueça).
Presenciar esses tipos de comportamento me deixa muito frustrado, e me faz refletir muito sobre o tipo de sociedade em que eu vivo e a que eu gostaria de viver. É realmente uma pena que todos já estejam tão acostumados com isso, e que não percebem que o mínimo é o caminho para se chegar ao máximo( sem querer ser positivista).
É realmente uma pena!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Domingo

Acordo em seus braços
a manhã passa num piscar de olhos.
Chega a tarde e começo a pensar
como seria bom se você pudesse ficar mais tempo comigo.
Logo vem a noite
e chega a hora da despedida.
Olho para o relógio na tentativa de fazê-lo andar mais devagar
o tempo não dá trégua.
Fico a sentir saudades.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Dedada.

Depois de ver os lances do jogo na tv, e aquele penalte que o juiz marcou para o ICASA, vi que tinham enfiado o dedo no Bahia. Para minha surpesa o dedo foi o meu. Resultado: o Bahia empatou e foi desclassificado, e o meu dedo quebrou, tá todo enfaixado.

Alternativo?

Uma das coisas que eu tinha vontade de ver de perto é o cenário alternativo de Salvador, mas até um tempo atrás não havia tido a oportunidade de vivenciar isso. Porém agora, que de certa forma acompanho com mais proximidade o que rola nessa tribo, não poderia deixar de comentar algo sobre ela.
Sempre gostei do fato dessa galera vivenciar arte, cultura, música, teatro, cinema, vídeo, etc. Levando em consideração que a maior parte da população brasileira é muito carente de qualquer tipo de manifestação de arte e cultura, de modo geral, até esse ponto não tinha o que falar de nada. Mas observando de perto esse grupo, parcebi que eles são bem diferentes do que tinha imaginado. Para começar, são preconeituosos, não em relação a raça, cultura ou sexo, mas em relação ao outro que não pertence ao seu grupo. Basta dizer que somente pelo olhar te excluem. Se não tem o mesmo estilo, as mesmas idéias os mesmos papos batem a porta na sua cara. Nem sequer dão a oportunidade de trocar idéias, experiências. E isso pra mim é a maior frustração de todas, porque se dizem diferentes dos outros, são intelectuais, não se deixam influenciar pelo capitalismo, tem preocupação com o social, consciência política, etc. Mentira! São do mesmo tipo de gente que eles desprezam. Burgueses, fantasiados, escondidos atrás de uma máscara de sociedade alternativa (desculpe Raulzito), que compram roupa de marca, se servem, consomem e reproduzem tudo aquilo que a sociedade capitalista produz. Ficam o tempo todo tentando te enganar com um discurso marxista, de abaixo o capitalismo, mas por trás são os mesmos "mauricinhos e patricinhas" se fazendo de "ripongas", de "muito doido", mas que só são assim porque papai e mamãe estão por de trás dando suporte financeiro, carrinho do ano, mesadinha e tudo mais. Até no aspecto da arte e cultura dá pra notar como são segregadores. Penso eu, que a arte e cultura são para todos; mas o que produzem não sai daquele âmbito. Fica ali trancado, não vejo ninguém preocupado com a sociedade, com a violêcia( a não ser quando algum desfavorecido invade a casa deles), com a política, com nada. Fica tudo girando ali em torno de um beck, de um show, de alguma peça. E fora dali, não tem mais nada!??
Sei que não são todos assim, alias conheço várias pessoas que não se encaixam nesse perfil.
O que escrevi não é pra ofender ninguém, é apenas a minha visão sobre o que observo no dia-a-dia.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Lá Vem Ela...

Lá vem ela, desce as escadas, quando a vejo o coração palpita. No canto da boca um sorriso curto, ela continua a descer, linda como na primeira vez. A ansiedade toma conta. Quando ela entra a vontade é de me jogar aos seus braços. Me contenho alguns instantes...depois, depois não há limite.

Blog X Amigo

Os avanços tecnologicos concebidos nas últimas decadas tem nos fornecido uma série de opções e acessibilidade a coisas que até 10 anos atrás não tinhamos parado pra pensar. A internet e outras ferramentas funcionam como um cardápio, cheio de possibilidades, bastando que você escolha a que mais te agrade e que te possibilite maior facilidade na sua vida. Mas como todas as coisas, a rede internacional de computadores não é só benefício. Aliada ao nosso estilo de vida, baseado no modo de produção capitalista, que norteia na própria dinâmica deste modo de produção, faz com que as pessoas se distanciem cada vez mais. Um reflexo disso é que ferramentas usadas para comunicação a distância, hoje são comercializadas como bens indispensáveis a qualquer um que tenha um mínimo conhecimento e acesso a informática. O MSN, o blog, viraram as sensações do momento, substituindo o contato pessoal pelo contato virtual.
Especificamente sobre o blog, a que me atenho a comentar, percebo que o número de pessoas que o utilizam vem aumentando exponencialmente( me incluo nesse bolo também), mas, ao mesmo tempo em que utilizo dos seus serviços, minha mente não para de pensar sobre o fato de que as pessoas, por não mais verem as outras como "pessoa" as substituem por mecanismos virtuais. Não é raro ver usuários que passam horas e horas a frente do computador, sem se preocuparem em terem contato com "seres humanos"... é, vou mais além; sem sentirem a necessidade de trocar um olhar, uma palavra, um gesto com o outro. Isso me intriga. Me faz pensar no seguinte: será que nós arranjamos um meio de substituir as pessoas? será que conseguimos um meio de não mais precisar do outro? Será que o amigo, aquele amigo do peito, confidente que te ajuda nas horas difíceis tem substituto? Pelo menos ao que vejo, para o amigo confidente, pra quem você pode contar coisas que te aflinge, que te revolta ou simplesmente que você pode conversar sobre algo, já tem um substitudo...se chama BLOG. Mas tem um porém, o blog não pode ser seu amigo, por que ele não é pessoa.

terça-feira, 4 de março de 2008

Sentido Reflexo

Bem, aqui estou eu na frente do computador me permitindo dar fluidez a uma idéia que surgiu pra mim a um tempo atrás. Na verdade a bem pouco tempo atrás, mas que veio muito forte e continuou crescendo até que eu tomasse a iniciativa de criar esse blog.

Sentido reflexo é um espaço destinado a pensamentos, divagações, amor, carinho, esperança, trabalho, idéias e tudo que se puder traduzir em palavras. Por isso caros visitantes não tenham medo de deixar seus comentários sobre as minhas viagens.

Aguardo ansioso pelas nossas conversas.



Sejam bem vindos ao Sentido Reflexo.